Não faz sentido: balas em vez de palavras.

in #fiction29 days ago

Não faz sentido, não há lógica, nem razão, e muito menos justificativa que possa sustentar a morte de alguém. O assassinato do jovem Charlie é a manifestação mais sombria da intolerância, um abismo para o qual olhamos como sociedade quando esquecemos o valor fundamental do debate e da coexistência. Sua partida nos deixa um eco doloroso, uma prova irrefutável de que falhamos no nível mais básico: a compreensão mútua como sociedade.

Rejeito profundamente esse ato de barbárie. Rejeito a ideia de que a violência possa ser uma resposta ao pensamento. Palavras não podem ser substituídas por balas; é uma equação covarde e destrutiva que destrói qualquer possibilidade de progresso. Ideias, por mais opostas que sejam, são confrontadas com argumentos, debatidas com o poder das palavras e respeitadas em sua diversidade. Aqueles que celebram esse ato não apenas cometem um crime, mas também confessam sua própria derrota intelectual.

O respeito pelas ideias alheias foi sua principal ação, seu legado mais puro. Sua viagem à universidade consistiu na frase "Provem que estou errado" como um convite ao debate, direto, mas respeitoso com as ideias dos outros. Em um mundo polarizado que grita e não escuta, optar pelo diálogo é vital. Honrar sua memória não significa clamar por vingança, mas sim pedir justiça e, acima de tudo, comprometer-nos a construir as pontes que a violência destruiu. Que sua essência se torne um chamado à defesa do bem mais precioso que uma sociedade pode ter: o direito de pensar diferente sem que isso nos custe a vida ou a liberdade.